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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Óleo no litoral diminui procura por frutos do mar e pescadores relatam desespero

Em Pernambuco.

Desde que o óleo começou a aparecer no litoral do Nordeste, pescadores registraram uma queda significativa na venda de frutos do mar. Quem trabalha na praia de Candeias, no município de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, torce para que a maré negra vá embora. Esse foi um dos pontos atingidos pelo óleo, de origem ainda não identificada.

Wilton José do Nascimento, de 43 anos, foi com os seis filhos para a praia nesta segunda-feira (28). O trabalho do dia foi limpar o barco, que já completa nove dias parado, desde que voltou da última pesca e não vendeu nada.


"A gente quer trabalhar e não pode. Estamos comendo o que tem porque dinheiro não está entrando. Temos disposição, saúde, mas não conseguimos trabalhar. Meu sustento é pescaria, não tenho outra profissão. O que trouxe da última vez, não consegui vender. Tudo está guardado. Acabamos comendo o nosso peixe", disse Wilton.


A embarcação dele não é a única "estacionada". O pescador Natalício Reis do Oriente está incluído na lista do Governo Federal para receber a parcela extra do seguro-defeso, mas segue preocupado.

"A gente não está indo mais para o mar porque a Marinha está colocando os barcos na terra. A gente quer ir pescar e não pode. Faz oito dias que eu não vou no mar. É difícil porque a gente vive disso e fica preso", afirmou.

Entre os produtos ofertados, a variedade de quem conseguiu fazer uma última viagem antes da chegada do óleo é grande. Os frutos do mar estão entre cavala, cioba, atum, barracuda e camarões, que não vêm do mar, mas de um viveiro do Rio Grande do Norte. Nem eles estão sendo vendidos.

"É camarão de viveiro, não tem problema nenhum, vendo o mesmo há 20 anos. Sai cerca de 50 quilos por semana, mas as pessoas não compram mais por medo. Não posso pegar novos porque não tem a quem vender. Já baixei o preço, mas não vem nenhum cliente", contou o vendedor Amaro Ramos.

Em nota, a Marinha do Brasil informou que não procede a informação de que pescadores estão sendo impedidos de entrar no mar.

Cidades afetadas

Entre o dia 17 de outubro e a sexta-feira (25), foram recolhidas 1.447 toneladas de óleo no estado. Desde setembro até domingo (27), foram atingidos 13 municípios: Barreiros, Cabo de Santo Agostinho, Goiana, Itamaracá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista, Recife, Rio Formoso, São José da Coroa Grande, Sirinhaém e Tamandaré.

O desastre ambiental no litoral nordestino deixou o setor turístico apreensivo, com diminuição de reservas em hotéis de Pernambuco nos próximos meses.



Fonte: G1 Pernambuco

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